Quem escreve as leis que te governam?
Por : Wellintom Stival




**Levantamento revela atuação silenciosa de lobistas na redação de propostas legislativas em Brasília**
Nem toda proposta de lei que chega ao plenário do Congresso Nacional nasce da mente de um deputado ou senador. Nos bastidores de Brasília, há uma engrenagem pouco visível — mas altamente influente — que participa diretamente da elaboração de textos legislativos: os lobistas.
Um levantamento inédito analisou mais de **345 mil documentos** produzidos pelo Congresso desde 2019 e identificou que **pelo menos 2 mil propostas** — entre projetos de lei, emendas e requerimentos — foram **redigidas por representantes de interesses privados**, sem qualquer menção à origem externa.
Leis com assinatura terceirizada
O estudo revelou casos emblemáticos em que o conteúdo das propostas foi elaborado por advogados, sindicatos e associações empresariais, sendo posteriormente apresentado por parlamentares como se fosse de autoria própria. Entre os exemplos identificados:
– Uma emenda que **reduziu impostos sobre apostas esportivas** foi escrita por uma advogada ligada ao setor;
– A proposta que **zerava tributos sobre medicamentos** teve origem em um funcionário do sindicato da indústria farmacêutica;
– O texto que **propôs o fim de um programa de alimentação saudável nas escolas** foi elaborado por uma associação de grandes fabricantes de alimentos.
Lobby legal, mas pouco transparente
No Brasil, o lobby é uma atividade legal, porém **sem regulamentação específica**. Diferente dos Estados Unidos, onde há regras claras sobre quem está tentando influenciar o quê, por aqui a atuação de lobistas ocorre de forma discreta e, muitas vezes, invisível ao cidadão comum.
A pesquisa trouxe à tona os **rastros digitais** deixados por esses agentes nos sistemas do Congresso, revelando uma prática que, embora comum, raramente é discutida com profundidade.
O papel do parlamentar
Na prática, muitas leis são **literalmente escritas por empresas e sindicatos**, recebendo apenas o “carimbo” de um parlamentar — que, espera-se, tenha ao menos lido o conteúdo antes de apresentá-lo oficialmente.
A descoberta reacende o debate sobre **transparência legislativa** e a necessidade de regulamentar o lobby no Brasil, garantindo que o processo de elaboração das leis seja mais claro e acessível à sociedade.
Direto da Redação para Top News Goiás
Wellintom Stival
Fotos : Divulgação





